Uma criança com 1 ano pode escolher o que quer vestir?
Cá em casa sim!
Eu não acordo de manhã a perguntar à miúda o que quer levar vestido. Por norma até decido a roupa dela no dia anterior – principalmente agora que a roupa não seca tão depressa como pretendemos e, por vezes, é preciso usar o aquecedor para não ser vestida húmida.
No entanto, no momento de vestir o casaco, pergunto-lhe qual quer levar vestido. Ela não abre o roupeiro para escolher entre todos os que tem. No nosso quarto – onde dormimos os três – ao nível dela, estão os casacos da época. Neste momento os quentinhos, de inverno.
Antes de sair peço-lhe para ir buscar o casaco, e ela trás o que quiser. Há uns tempos, por exemplo, o tempo estava meio chuvoso. Ela pegou no quentinho não impermeável e eu perguntei se não seria melhor o outro, quispo, por causa da chuva. Ela aceitou, se não aceitasse, teria de aceitar eu.
Há uma questão que considero fundamental: se dou hipótese de escolha, tenho obrigatoriamente que respeitar a decisão dela! Quando a minha vontade é impor algo, então não pergunto – informo!
Calçado
A Caetana não leva botas para a creche porque passava o dia a tirá-las e lá dentro está quentinho – cheguei a desconfiar que as tirava por sentir os pés demasiado quentes, como faz com as meias quando está na cama. De manhã mando-a ir buscar as sapatilhas e ela trás as que quer.
Nos dias em que não vai à creche peço-lhe para ir buscar as botas e, neste caso, não estou a dar escolha porque só tem um par. Se me aparece com as sapatilhas (porque as vê primeiro) eu corrijo-a: ‘Não Caetana, isso são sapatilhas e eu pedi-te as botas!’
Ainda nunca calhou acontecer uma birra por causa disso – quando aparece com sapatilhas é por hábito/ engano – mas, se um dia acontecer, cá estaremos para conversar sobre o assunto.
Só pergunto quando há hipótese de escolha!
O que acho importante e tento não falhar é num único aspeto: só dar a escolher quando há realmente opção!
Quando era miúda, já com 9/10 aos e até mais velha, faziam algo quem me tirava do sério. Perguntavam-me se queria sopa, eu dizia que não e ouvia imediatamente ‘ai queres, queres!’ e eu chateava-me e respondia ‘se não posso escolher porque raio me estão a fazer a pergunta???!!!’ Digam-me apenas ‘vem comer a sopa!”
E, portanto, é isso que tento evitar. Tento não fazer perguntas quando não há hipótese de escolha. Eu não pergunto à minha filha se quer comer a sopa! Eu apenas lhe informo que a vai comer. No máximo, havendo tempo para isso, pergunto se quer a sopa naquele instante ou daí a uns minutos..
Camisolas
É raro ela escolher a camisola que quer vestir, mas já aconteceu. E sabem porquê? Porque eu própria estava indecisa entre duas. Depressa resolvi a questão, pedindo à Caetana que escolhesse uma!
Eu sou uma pessoa extremamente indecisa. Daí achar que é benéfico começar-se desde cedo a fazer escolhas, por mais simples que sejam, como 1 de 2 casacos e/ou 1 de 3 pares de sapatilhas!
Ou seja, a Caetana não veste nem faz sempre o que quer mas sim, tem algum poder de decisão, controlado e limitado de forma ‘estratégica’ – não limito diretamente mas, propositadamente, não deixo tudo visível e ao seu alcance.
Os miúdos são como nós. Se ela se sentir melhor com um par de sapatilhas, porque a obrigarei a usar o outro? Que diferença me faz?
Gorros e bonés
Caetana coloca o boné meio para trás meio para o lado. Percebeu que provoca reação positiva no adulto então adora andar assim.
Se eu me importo? Nem um bocadinho. Sinceramente até acho piada.
Quando sou eu a pô-lo costumo colocar com a pala para a frente. No entanto, se for ela e o puser de outra forma não me faz a mínima diferença. O que me interessa é que a cabeça esteja protegida. E isso tanto acontece com a pala para a frente como para o lado!
Os gorros com 2 pompons ou com carinhas, quando postos por ela, também ficam todos tortos. A minha preocupação é só e sempre a mesma: as orelhas – não pretendo que fiquem deformadas. Caetana tem as orelhas grandes, portanto, se o boné ficar para trás sem esse cuidado, a orelha fica dobrada para fora. Quando ela protege a cabeça à sua maneira, eu dou um jeitinho na proteção das orelhas e deixo o resto como está – por norma está e fica torto.
E por aí, dão algum poder de ‘decisão’ aos vossos filhos ou nem por isso? Sem julgamentos! Eu e o meu marido pensamos assim e é assim que fazemos cá em casa. Cada mãe/ pai fará como achar que é melhor e como melhor resulta em sua casa, com a sua família.