Último dia fora e.. será que valeu a pena?
O dia do regresso a casa! Com dicas para evitar erros de distração.
As malas aumentaram – a mochila ficou mais pesada com os livros novos e quando comprei fraldas (no dia anterior) só havia pacotes de 66 – espalhadas no saco de transporte do carrinho não faziam peso mas faziam volume.
Não trouxemos sopas porque a última já não me parecia boa mas, só no momento de colocar os frascos na mala é que me lembrei que não devia ter congelado as cuvetes de gelo. É óbvio que ficam mais pesadas mas quando se viaja de carro a diferença não é significativa e, pela força do hábito, uma das minhas preocupações assim que cheguei foi precisamente colocá-las no congelador. Ainda as passei por água a ferver mas já não havia tempo para as deixar descongelar em condições.
Dica I – para quem passeia com comida e sem carro: não esquecer de deixar descongelar cuvetes caso não sejam necessárias!
Como sabem, lisboa tem duas estações de comboios. Por norma a pessoa opta pela mais próxima, era o que eu fazia nas viagens anteriores, há 10 anos, sozinha e com 1 única mala que passava em todo o lado.
Desta vez havia um carrinho – não são permitidos em escadas rolantes – e malas que iam no carrinho e nas minhas costas [com Caetana na mochila ergonómica ao peito] mas não dava para eu transportar tudo sozinha sem ser no carrinho.
Ou seja, chegar a Oriente, ter que subir 1 andar para comprar o bilhete e outro para apanhar o comboio não era minimamente prático comparado com os três degraus de santa apolónia, portanto foi aí que decidi apanhar o comboio.
Dica II – Se a diferença não for muito significativa ter em atenção que a acessibilidade poderá ser mais importante que a distância.
Chegar lá de transportes públicos seria um desafio gigante. Tentámos chamar um uber mas não sabíamos colocar a opção da cadeirinha de criança e estávamos em cima da hora para pedir informações por isso a minha prima ajudou-me a sair de casa, atravessar a estrada e apanhar um táxi. Caetana almoçou antes de sairmos.
Dica III – Confirmar se sabem realmente fazer tudo antecipadamente para evitar imprevistos. Se eu não queria viajar de táxi por falta de cadeirinha deveria ter confirmado, a tempo e horas, como se pedia essa opção na uber.
De qualquer das formas tive imensa sorte, o táxista foi super simpático e ainda me ajudou com as malas. Abri o carrinho no cimo dos três degraus e foi ele quem colocou logo a mochila de campismo à frente e o saco atrás. Eu levei Caetana ao peito e a outra mochila às costas.
Mal cheguei ao comboio apareceu uma senhora a perguntar-me se queria ajuda com as malas. Tirei a mochila de campismo e o carrinho ficou tão leve que escorregou para a linha. Ouvi de imediato uma voz ‘deixa-me só aqui ajudar a senhora’ e já estava um senhor a tirar-me o carrinho.
Quando entrámos no comboio deixei a miúda à vontade mas, como estávamos mesmo na hora da sesta, mal a viagem começou voltei a colocá-la ao peito e fui embalá-la para o bar. Assim que adormeceu voltei para o nosso lugar e consegui ler com ela a dormir ao colo.
Acordou quase no fim da viagem, cheia de energia mas com ótima disposição.
Tentei ler-lhe um dos seus livros mas depressa se fartou e quis explorar sozinha. Brincou um pouco com o livro de água e depois passeou pela carruagem, comigo sempre atrás não fosse cair com o movimento. No final da viagem cantou para quem estava mais próximo.
Com menos de dois anos considero que foi uma excelente viagem porque cantar e passear nesta idade faz parte. Ter-me-ia sentido mal se ela berrasse com sono, por exemplo, daí ter tentado logo que dormisse.
No final da viagem houve outra rapariga que se ofereceu para me ajudar com as malas e foi só pegar no carrinho e tirar tudo do comboio de uma vez, arrastar até ao carro, sentar Caetana na cadeirinha e ir pondo as malas todas da melhor maneira.
Quando chegámos a casa o pai ainda estava a trabalhar mas tinha deixado um bilhete de boas vindas:
Enquanto ele chegou e não optei por arrumar as malas todas. Para mim foi esta a estreia: arrumar tudo no dia da chegada! O habitual é deixar para o dia seguinte e depois acabamos por andar toda a semana a tropeçar em sacos e saquinhos. Desta vez ficou tudo arrumado no dia.
Se quiserem ler, deixo-vos aqui a ligação dos 4 artigos anteriores a este: O terceiro dia fora da nossa zona de conforto; O segundo dia fora da nossa zona de conforto; O primeiro dia fora da nossa zona de conforto e as questões que fui tendo nos dias anteriores a esta saída:
O balanço final foi super positivo! Para o ano quero voltar à feira do livro com a Caetana. Andar por lá mais tempo, com mais calma e levar o carro – nem que o deixe durante todo o tempo estacionado à porta de casa – para me permitir aproveitar mais promoções e trazer mais livros para casa.
Como vos disse no primeiro artigo sobre este assunto pensei que seria uma aventura da qual me iria arrepender nos próximos 20 anos e, afinal, a Caetana surpreendeu-me e fez-me perceber que eles realmente adaptam-se bem às diferentes situações. No nosso caso, mesmo tendo imensa liberdade no seu dia a dia, ela percebeu que ali não era possível. Havia mais movimento, mais pessoas, era perigoso e tinha que se aguentar mais tempo no carrinho.
O que acharam do relato destes dias? Perceberam que os miúdos nos podem surpreender e que devemos sempre arriscar pelo menos uma vez para sabermos se vale ou não a pena?