Remoção das amígdalas e adenoides
Faz hoje precisamente 1 mês que Caetana foi operada.
Desde quando sabíamos que havia a necessidade desta operação? Quais as suas implicações na vida e desenvolvimento da Caetana? Como foi a recuperação?
Desde bebé que sabíamos que Caetana tinha fortes probabilidades de precisar de tal operação.
Com 9 meses (salvo erro), Caetana fez 39º e tal de febre. Numa ida às urgências, viram os ouvidos vermelhos, diagnosticaram uma otite e receitaram antibiótico. No dia seguinte, aparecem borbulhas pequeninas e a suposta otite virou “mãos, pés e boca” diagnosticada por mim (“olho clínico” de educadora de infância que os médicos tanto detestam mas como mãe me tem sido bastante útil) e confirmada no centro de saúde onde só fui porque precisava de justificação para ficar com a miúda em casa.
Nariz problemático
Tendo um tio otorrino, questionei-o sobre a situação e ele disse que queria observar Caetana 1 mês depois para ver o estado do ouvido e a cura da suposta otite (bem ou mal diagnosticada, interromper o antibiótico seria pior). O meu tio confirmou que talvez não tivesse sido otite mas o nariz não funcionava como devia e, consequentemente, os ouvidos não estavam a 100%. No entanto, até aos 3 anos pouco havia a fazer, a não ser limpar o nariz em casa, com frequência.
Começámos por utilizar o spray nasal da uriage, máquina de vapores, Rhinomer força 1, soro fisiológico colocado com seringa e, por último, o preferido Fitonasal!
Pelo meio ainda fomos ao fisioterapeuta fazer massagens para tirar expetoração.
Ainda aspirámos o nariz algumas vezes com o Libenar mas raramente resultava. Conseguíamos retirar porcaria mas era um procedimento complicado com Caetana a espernear e a detestar a experiência.
Por outro lado, os srpays surtiam efeito porque Caetana os aceitava e passou até a colocá-los sozinha – a bela fase de querer fazer tudo sozinha [e nos imitar colocando também aos nenucos, ou apenas experimentar lançando água do mar a toda a volta].
Resumindo: fomos tentando e testando o que funcionava melhor no caso da Caetana, que entretanto crescia e as necessidades também mudavam.
Além da limpeza do nariz, a partir dos 3 anos, Caetana teria que ser vigiada porque, a partir dessa idade, a situação pode reverter ou piorar. Não revertendo, teria que ser operada. Em princípio por volta dos 5/6 anos.
Otites
Com o nariz a funcionar mal, Caetana foi uma criança que fez imensas otites. Felizmente falo no passado mas fez otites com febres altas, sem febre, com dores horríveis, sem dores. Arrisco-me a dizer que fez todo o tipo de otites.
Chegou a fazer otites em que só se queixava quando se deitava (tanto em casa como na creche). Andava bem e brincava normalmente todo o dia, deitava-se para a sesta e queixava-se. Ora, ela sempre demorou a adormecer e dizia que doía o ouvido mas não chorava, então pairava a dúvida de “será dor ou manha?”.
No dia em que se queixou e chorou no momento de dormir tinha o ouvido rebentado (após ter estado bem durante toda a manhã e almoço). Berrou como gente grande, tomou brufen e fomos diretas ao centro de saúde pedir antibiótico. Quando chegámos à farmácia para o comprar, as funcionárias não estavam a perceber porque “a menina está tão bem” (sob efeito do brufen e com a cara limpa da porcaria que tinha saído do ouvido). Havia sestas em que adormecia e a dúvida permanecia, outras em que acordava a chorar, provando ter mesmo dor, e acalmava com brufen.
A mesma criança. A mesma doença. Sintomas diferentes.
Caetana é de agosto e, ainda na quarentena, percebemos que a amígdala esquerda estava enorme. Via-se perfeitamente. E aí concluímos que a operação seria mesmo muito provável e talvez mais cedo do que imaginávamos.
Entretanto já tínhamos notado algumas situações mas nem sempre associávamos.
Dificuldade em mastigar
Caetana começou a mastigar muito tarde. Achei que fosse preguiçosa mas cheguei a ponderar uma avaliação na terapia da fala pois com ano e meio raramente mastigava. Mais tarde, foi a educadora de infância dela que se apercebeu do óbvio e me perguntou “Já te imaginaste a mastigar com o nariz entupido? Comes bem quando estás constipada?”
Não era preguiça, a miúda mastigava e respirava pela boca, em simultâneo. É normal que lhe fosse mais complicado.
Apneias e ressonar
Nunca fui mãe de verificar se a bebé estava a respirar e agora percebo porquê.. Caetana sempre fez barulho a respirar enquanto dormia. Começou a ressonar muito cedo. Fazia apneias em que eu lhe dava um ligeiro abano pra voltar a respirar. No entanto, eu pensava que todos os bebés o faziam. Claro que as apneias pioravam quando estava mais entupida, principalmente nos meses mais frios (e com o aquecedor ligado) e melhoravam com o clima mais quente.
2 anos e meio – 3 anos
No início da quarentena, Caetana tinha 2 anos e 7 meses. Sempre teve uma respiração “barulhenta” e a voz nasalada. Quando nos apercebemos do tamanho da amígdala, começámos também a notar que a fala estava a piorar pois falava cada vez mais “pelo nariz”.
Caetana nunca estava NA rua. Ela estava DA rua. Deixámos até de emendar certas palavras porque percebemos que não as conseguia mesmo pronunciar corretamente.
Passou a quarentena, Caetana fez os 3 anos, o covid continuou por aí e começaram as nossas procuras por seguros/ planos de saúde, mas com alguma calma porque o mais comum destas operações são os 5/6 anos. Até que a filha de uma amiga minha é operada com a mesma idade e cai-me a ficha: Tínhamos mesmo que ir a um otorrino pediátrico porque além de notarmos o tamanho de uma das amígdalas, começámos a estar mais atentos ao que poderia estar a prejudicar, nomeadamente respiração, fala, alimentação – além do nariz entupido atrapalhar na alimentação, as amígdalas também modificam o paladar.
Tivemos consulta dia 23 de outubro, no hospital da Luz em Coimbra, com a Dtra Diana Cunha Ribeiro que, mal espreitou os ouvidos percebeu que o nariz estava a funcionar pessimamente.
Abriu-lhe a boca e disse “a amígdala esquerda está, de facto, muito grande mas a direita também, está é mais para trás, por isso não a conseguem ver”. Na opinião da Dtra o assunto não se resolveria sem operação e poderia ser logo em novembro.
11 de novembro
Uma operação requer, logicamente, análises. Além disso também foram necessários testes covid negativos – dela e meu, como adulto que a acompanhou no internamento – realizados 48 horas antes da operação. Caetana nunca antes tinha feito nada disto.
Contrariamente ao que eu esperava, as análises correram melhor que o teste covid mas Caetana portou-se lindamente em ambos e quis fazê-los na cadeira e não ao meu colo.
Nas análises não se mexeu e disse que não estava a doer. Depois confessou que ‘doeu um cadinho’. Eu expliquei o que ia acontecer: que lhe iam colocar uma agulha no braço, parecido com levar uma vacina e depois ela iria ver o seu sangue a sair para os frasquinhos – dei muito ênfase ao quão fixe é ver assim o sangue a sair. Tinha indicação da analista para agarrar bem o braço para ela não tirar. Felizmente não foi necessário, tive apenas que apoiar porque a cadeira era demasiado grande para ela.
O teste covid começou sem medo mas fez-lhe impressão na 1ª narina e queixou-se. Na segunda doeu mais, penso que se tenha retraído pela impressão da primeira. Chorou mas deixou fazer o teste até ao fim, sem tentar sair do seu lugar. Depois pediu para me ver fazer o meu e assim que acabei perguntou de imediato se podíamos vir embora. Mal saiu pediu para ver o vídeo dela a fazer o teste.
13 de novembro
Vivemos longe então fomos de véspera para o hospital porque Caetana precisava de estar em jejum para ser operada. Ia bastante animada porque nos via entusiasmados com a operação e sabia que ia ficar bastante melhor (de notar que é uma operação muito comum em crianças, daí a nossa animação).
Retiraram-lhe as amígdalas, os adenoides e abriram-lhe o canal auditivo. Ainda ponderaram colocar tubos drenantes nos ouvidos mas, durante a operação, acharam que tal não seria necessário.
À saída do bloco chorou e esperneou, ainda atordoada da anestesia, o que levou a que o acesso saísse da mão, portanto toda a medicação e líquidos ingeridos nesse dia aconteceram por via oral (à exceção de um supositório colocado à força após babar umas gotas que se recusou engolir). Passou um dia de fases que variaram entre momentos de alguma dor e momentos mais arrebitada.
No final do dia começou a pedir bolacha maria e pão que tinham levado para mim e que não pôde comer.
Esta voz pós operatória tão engraçada
Parecia que lhe custava falar mas nem assim deixava de me emendar
A doutora passou por volta das 20h e ficou agradavelmente surpreendida por ver Caetana de boca fechada a respirar bem pelo nariz.
Cuidados pós operatórios
Nos primeiros 15 dias a criança deve ficar mais resguardada, em casa. O seu sistema imunitário está mais frágil e não convém que apanhe viroses. Se possível até manter alguns cuidados durante todo o primeiro mês pós operatório.
Alimentação e medicação:
1ª semana – ingerir apenas líquidos frios, gelatina, gelados de gelo.. Antibiótico de 12h/12h e ben-u-ron de 8h/8h nos primeiros 3 dias e, posteriormente, só em S.O.S. [Caetana não chegou a tomar o ben-u-ron desde que saiu do hospital porque não tinha dores. Só se queixava da boca ao acordar, após estar muito tempo com ela fechada].
2ª semana – começar a introduzir comida mais espessa como sopas passadas e papas, ainda frias.
Nunca, em momento algum, dar brufen à criança – pode provocar hemorragias.
Atividade física
É proibida a prática atividade física para evitar situações de embate e consequente possível hemorragia. Nestas idades torna-se bastante limitativo porque as crianças têm bastante energia. No nosso caso, Caetana passava o dia a querer correr e dar saltos e saltinhos em casa, algo que não podia mesmo fazer. Além disso Caetana é daquelas crianças que, quando está no sofá ou na cama, para se sentar, salta verticalmente e cai de rabo. Imaginam a nossa aflição nos primeiros dias não imaginam? Com 3 anos não basta dar indicações 1 vez, temos que controlar e estar constantemente a relembrar.
Felizmente, veio para casa a recuperar bastante bem, o que dificultou nos cuidados pós operatórios, uma vez que lhe era confuso não poder saltar porque, como nos dizia “eu já não estou doente”. Ao que lhe expliquei que, felizmente, ela já não estava doente mas a sua garganta ainda estava um bocadinho doente e, por isso, tinha que ter cuidado.
Banho
Outro cuidado a ter era com o banho, mais especificamente a lavagem do cabelo porque, com o canal auditivo aberto, não podíamos deixar entrar água nos ouvidos, sob risco de otites bastante dolorosas. Comprámos tampões mas Caetana pediu por favor para não lhos colocar. Combinámos então que tomaria banho na sua banheira de bebé para depois se deitar com a cabeça para trás e deixar lavar o cabelo de forma cuidadosa. A água e a própria casa de banho não devem estar muito quentes porque também devemos evitar vapor e humidade.
Durante estes 15 dias, Caetana conseguiu ainda manter a sua tão adorada “marca do penso”. Pedia cuidado no banho e a vestir – sim, eu sei e disse-lhe que a vestir não saía mas ela preferiu não arriscar e há guerras que eu prefiro não comprar. No entanto, confesso que passei bastante água e sabão mas como Caetana não deixava esfregar, a marca não saía. Além disso ainda tentava esfregar com a toalha mas ela fugia logo com o braço. Fez questão de mostrar o que sobrou à medica, 15 dias após a operação (a foto também foi pedida por Caetana).
Consulta pós-operatória
No final da segunda semana tivemos consulta. Ficámos a saber que Caetana ainda tinha pontos na garganta e um dos ouvidos permanecia aberto por isso passou a poder comer quase tudo, exceção para alimentos que pudessem arranhar a garganta, como batatas fritas e bolachas. Os cuidados com a lavagem do cabelo também se mantiveram. Se antes já não lhe lavava o cabelo todos os dias, neste mês ainda menos vezes o fiz. Continuava a não ser conveniente sofrer qualquer tipo de embate.
Ainda na consulta perguntei diretamente à doutora, com um tom de voz ligeiramente diferente, se Caetana já podia correr e saltar. Eu já tinha percebido que não e a doutora percebeu a minha intenção, dirigiu-se à Caetana e explicou diretamente que ainda não podia correr e saltar nem comer algumas coisas como batatas fritas. Acrescentou que eu já sabia o dia em que a garganta ficaria boa e já poderia comer de tudo. Então, uns dias depois da consulta, quando queria saltar no sofá ou comer algo que não devia perguntava-me “oh mãe, a minha garganta já está boa?”
Explicar sempre tudo à criança
Eu fui explicando sempre tudo à Caetana. No entanto, esqueci-me de um pormenor. Quando saímos do hospital disse-lhe que não podia fazer certas coisas mas esqueci-me de explicar que era só durante uns tempos. Devo ter falado em recuperação mas não entrei em pormenores. Uns dias após a operação, já deitadas para dormir a sesta, Caetana diz-me “sabes mãe, antes, quando era halloween, eu podia correr muito”. Só aí percebi o meu esquecimento e expliquei que ia poder voltar a fazer isso tudo, quando a garganta já estivesse boa. Usando as suas palavras reforcei que eu sabia que ela já não estava doente mas a garganta ainda estava um bocadinho doente.
Deixo-vos algumas das brincadeiras e atividades que fomos fazendo ao longo deste mês, sempre a evitar os tão desejados saltos que Caetana tanto gosta mas não podia dar.
Miminho, muito miminho pós operatório e sempre Livros e puzzles Histórias As suas pinturas preferidas Plasticina Pintura com cotonetes e pincel Manicure Cozinhar Asneiras no final do mês pós operatório Jogos interativos Kinder
Os vossos filhos precisaram ou vão precisar de uma operação deste género?
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