Os peixes da Caetana

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Domingo, quando vínhamos do jardim zoológico, o Hugo falou em termos peixes. Claro que a Caetana disse, como diz a tudo, que sim, sem perceber realmente do que falávamos.
Eu disse que não. Na minha cabeça, os peixes não despertavam grande interesse às crianças por não ser possível pegar-lhes.
Na entrada da creche da Caetana, há um aquário que, pelos visto, ela só quarta feira percebeu que tem peixes. Ela não passa lá diariamente para ir para a sala, mas passa quando foge de mim para vir embora. Na quarta reparou no movimento e parou a observar, como se de um vídeo de YouTube se tratasse: ficou calma e concentrada a observar. Não se atreveu sequer a tocar no vidro. Queria que eu tocasse mas tinha medo de o fazer.
Vendo-a tão calma lembrei-me do que o pai tinha dito e perguntei-lhe se queria ter peixes. Claro que voltou a dizer que sim.
Chegámos a casa, levei-a para perto das tartarugas e a verdade é que esteve a olhar para elas e também não lhes tentou pegar. Pegava de imediato quando era mais pequena, agora demonstra mais consciência do mundo e mais receios, e esse é um deles.
[O mesmo se tem verificado com cães, gosta de olhar para eles e de os chamar, se tiverem dono e eu pedir para ela fazer festas, aproxima-se mas acaba por se encolher e não tocar.]
Em casa, já com o pai, disse-lhe:
– Caetana, diz ao pai o que queres.
Ao que ela respondeu ‘Péxeeeee’
Então, ontem à tarde, lá fui eu tratar do assunto.
Claro que serei eu a limpar o aquário e, apesar de querer que seja a Caetana a alimentá-los, sei que terei que ser eu a lembrar-me todos os dias e a pedir-lhe que me ‘ajude’. Também terei que ser eu ou o pai a gerir a quantidade de comida que será deitada.

Peixes são seres vivos. Não se oferecem a uma criança sem que haja interesse dos pais

Por brincadeira já lhe disse que os peixes são dela e terá de os alimentar.
Acho, sinceramente, que peixes são um bom animal de estimação para ser ‘utilizado’ para responsabilizar uma criança, desde que esta demonstre interesse. Mas estamos a falar de crianças mais velhas.

Com esta idade, a única responsabilidade da Caetana é tentar não bater com a cabeça nos bicos das mesas nem tropeçar quando caminha.

Quanto à reação, eu esperava que ela fizesse uma grande festa aos peixes. Caetana trocou-me as voltas ficando incrédula.
Não consegui perceber se ficou espantada ou se não estava a ver o que tinha à frente.
A verdade é que gostou. Gosta de os observar de vez em quando. E claro, como a grande maioria das crianças (se não todas) gosta de os alimentar. Por sua vontade passava o tempo a meter comida no aquário.[wpvideo kYEyKsS5 data-temp-aztec-id=”f10470bb-e5c0-43ec-879e-9a22f991ef06″]

Carolina Valente Pereira

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