A criança não merece andar pendurada

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Vejo muita gente a referir-se ao Babywearing como ‘disseram-me para comprar aqueles marsúpios’. E eu questiono-me: será que foi mesmo isso que disseram? Sabiam o que estavam a dizer? Confundiram os nomes?

Ou ‘Ah sim, eu tenho um marsúpio’ e depois vejo e, felizmente, o que têm é uma mochila ergonómica.

Eu não sou de extremos mas confesso que esta confusão me aflige um bocadinho. Uma coisa é confundir o modelo/ marca de sling que utilizamos ou até dizer apenas ‘eu tenho um pano desses’. Outra coisa é confundir um marsúpio com uma mochila ergonómica. Isto é o mesmo que confundir o confortável com o desconfortável, o pendurado com o sentado.

Se eu tivesse um segundo filho dispensaria o carrinho de bebé e compraria um carrinho de passeio mais tarde. Mas não dispensaria de passear muito com um filho ao peito.

De que forma podemos fazê-lo?

Utilizando Slings ou mochilas ergonómicas, de que já falei em artigos anteriores [têm a ligação na própria palavra]. Eu utilizaria um sling nos 2/3 primeiros meses e uma mochila ergonómica a partir dos 3/4 meses – ergobaby é, sem dúvida, a minha marca preferida.

Os slings são aquilo que, em linguagem comum, as pessoas denominam como ‘aqueles panos para levar os bebés ao colo ou às costas’. A mochila ergonómica é uma versão mais prática e, sinceramente, a minha preferida:

Falemos então sobre o título deste artigo e o erro mais comum: a confusão de haver comparação entre Marsúpios e Mochilas Ergonómicas!

Para mim, o maior problema é ao facto de haver marcas com suposta boa reputação a vender marsúpios como sendo ergonómicos por colocar as pernas do bebé em M. Desculpem-me a sinceridade mas tão ou mais importante que as pernas é a coluna, certo?

O Marsúpio não respeita a curvatura da coluna do bebé, obrigando-o a estar demasiado direito. Além disso, o bebé fica pendurado. Se nas meninas é apenas desconfortável, imaginem o perigo que pode ser para os meninos, que ficam com todo o seu peso apoiado na zona genital.

A Mochila Ergonómica respeita a curvatura da coluna do bebé/ criança, que deve estar em C e assim se mantém. A criança fica sentada como estaria normalmente no colo. Quando colocada às costas vai às cavalitas, numa posição ergonómica e confortável, sem precisar de se segurar nem ser segurada por quem a carrega.

Comecei por comprar um marsúpio principalmente por falta de informação e comodismo: vendiam-se em lojas físicas e supostamente de confiança aqui perto. Vi 3 modelos: um onde precisávamos de segurar a cabeça do bebé e que nem sequer experimentei; outro onde a Caetana berrou desalmadamente e o último onde adormeceu, o que me levou a acreditar que fosse uma boa opção. No entanto, vejam a posição em que ficava, extremamente direita e pendurada:

Só mais tarde percebi o erro. Eu tinha sido avisada por algumas pessoas mas, no momento, achei que a diferença não deveria ser assim tão significativa. Quando percebi comprei uma mochila ergonómica da marca Manduca e até o pai notou de imediato as melhorias. No verão, por verificar que a utilizava bastante, comprei outra: uma Ergobaby, de cor mais clara e modelo menos quente. Vejam a Caetana sentada e não pendurada nas mochilas:

Deixo-vos ainda 2 fotos repetidas, marsúpio e mochila ergonómica lado a lado para que não restem dúvidas:

Desculpem a insistência mas aflige-me ver a forma como as crianças ficam penduradas nos marsúpios.

Para quem pratica babywearing deixo-vos ainda uma dica de agasalho. As fotos são de inverno mas aplicam-se perfeitamente aquelas noites de verão onde começa a correr uma ligeira aragem que pede um casaquinho fininho.

Dica de agasalho: um só agasalho para carregador e criança!

Foi outro erro que cometi no início – o de vestir o quispo à miúda. Aprendi a corrigir ainda antes da mochila por isso só tenho fotos com o quispo no marsúpio. Percebi que era realmente mais benéfico colocar o meu casaco às duas. Há casacos próprios para o efeito e depois há casacos como o meu: perfeitamente normais – este foi-me oferecido ainda antes de estar sequer grávida – com elástico para apertar/ alargar na zona da cintura. A criança vai agasalhada na mesma mas bastante mais confortável, vejam:

Nas noites mais fresquinhas de verão o carregador pode simplesmente vestir um casaco fininho ao contrário, utilizando os próprios braços para o segurar, agasalhando apenas as costas bebé.

Tinham noção desta diferença no conforto dos miúdos ou também confundiam marsúpio com mochila ergonómica?

Carolina Valente Pereira

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